terça-feira, 29 de junho de 2010

Fumar Mata

Cansei-me das grandes ideias, de escrever sobre grande temas, de fazer grandes aparatos, essas coisas já estão faladas demais, tudo o que há para dizer já foi dito, e o que ainda não foi, eu não sou bom o suficiente para o dizer.

Cansei-me de lutar, de nadar contra a maré, de correr em sentido contrário, aliás, já mandei isto tudo tantas vezes à merda, que me cansei de o fazer.Já está toda a gente a correr em sentido contrário, o que fez com que criassemos um sentido, e eu, que queria contrariar o sentido anterior, estou no novo sentido, e isto faz-me, mais uma vez querer andar em sentido contrário. Só que desta vez, se quiser andar em sentido contrário, tenho que ir para o sentido que inicialmente não queria ir. Por isso paro.

E vejo-vos todos a cair

um

por

um

atrás

do

outro

.

.

.

E é claro que há sempre um ou dois inteligentes que fazem como eu, e param, e riem-se a ver os outros cair, uns atrás do outros em direcção a um buraco negro que os leva sabe-se para lá onde e como...

E enquanto eu me delicio com esta maliciosa ociosidade, tu estás a cair, e eu estou-te a ver... e até te podia dar a mão e puxar-te, mas as tuas mãos são tão macias e os teus olhos tão brilhantes, que sei que não conseguias ficar muito tempo parada, na ânsia de quereres ir comigo ser alguém logo, irias-me arrastar para um sentido, coisa que eu não quero.

Por isso paro. E sou um filho da puta de um egoísta porque não quero dar a mão a ninguém, porque quero estar parado, sério é o que eu mais quero no mundo! Quero parar e olhar para este monte de esterco, que nem para esterco serve e, por isso, cai fazendo as minhas delícias.

E no meio disto tudo, puxo de um cigarro, que é o último cigarro do meu último maço, o último cigarro que eu vou fumar com a lentidão e o prazer de ser o último, meto-o à boca, meto a mão ao bolso para tirar o meu pequeno isqueiro vermelho, e quando estou prestes, mas mesmo quase a acender o cigarro, tu passas como um raio de sol mais brilhante que o o raio de sol mais brilhante do dia mais solarengo do ano mais quente de sempre. E, admirado com aquilo, deixo cair o cigarro, aquele último cigarro que eu queria mesmo fumar.
E, empurrado pelo meu irracional vicio, lanço-me no sentido (não sei qual) à procura do cigarro, e vou morrendo aos poucos, sem o conseguir encontrar...

E é desta maneira que fumar mata...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O amor é lindo

O AMOR É PARA OS TANSOS, OS IDIOTAS, OS FALHADOS, OS CONINHAS!
E se pensarem bem, isto é mesmo verdade, afinal qual é a ideia de vivermos em função de outra pessoa que não conhecemos de lado nenhum? Ó seu idiota, se tu fores a pensar bem essa pessoa que tu dizes que é tudo na tua vida, e que te vai acompanhar para sempre, praticamente veio do mesmo sitio que eu, e tu não me conheces de lado nenhum! Só porque ela tem um palminho de cara, e umas mamas jeitosas já gostas mais dela do que de mim? És um filho da puta que só se interessa pelas aparências!

E no entanto, essa pessoa de carinha laroca e mamas jeitosas, acha-te a melhor pessoa do mundo, porque dizes que a amas, e ela derrete-se toda porque não percebe que tudo o que queres é tirar-lhe as cuecas e mais sabe-se lá o quê!

E repara, é isto que tu queres, ela sabe que é isto que tu queres, mas está tudo bem, porque entre vocês há um amor imenso que nunca mais acaba...

Nunca mais acaba até ela te encontrar todo nu e suado em cima de outra gaja, a "amá-la", tanto ou mais quanto amas esse teu mais-que-tudo. E ela deixa-te, porque a merda do amor é tão boa, que tens que ser um cabrão de um egoísta e dá-lo só a uma pessoa, só podes amar uma pessoa... e sabes o que dizem? Dizem que o amor é partilha...

Partilha seus filhos da mãe? Chamam a uma pessoa perseguir outra incessante-incansavel-estupidamente? Chamam partilha a uns lindos olhos não me deixarem respirar, uns lindos olhos prenderem-me a eles e atirarem-me para o abismo que não é sem fundo, antes fosse, assim nunca iria levar a pancada, mas para um abismo com um fundo que é fundo como o caralho e quando bates profundamente naquele fundo, sentes uma funda dor nos teus mais fundos pensamentos? É a esta merda que vocês chamam amor seus cretinos?

Rotular alguém, como se fosse um produto, como se o tivesses comprado, dizer que é meu o é teu, apoderares-te de alguém, como se fosse uma coisa?

E depois disto tudo, nós, os prodigiosamente imbecis seres humanos, ainda nos achamos superiores por sentirmos amor. Vão-se foder, não gozem com a puta da minha cara seus cabrões!

Mas no fundo disto tudo, no fim de desafiar todas as leis do sentimento amoroso humano, há uma coisa que me assusta: é que começo a sentir-me um tanso, um idiota, um falhado, um coninhas...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Armas de fogo

Não há homem que tenha uma arma na mão e não puxe o gatilho, é verdade! E isto não é nada, mas mesmo nada preocupante, aliás para mim até é reconfortante. Assim já sei o que vai acontecer, já sei que levo com um tiro nos cornos.E tu pensas "não há nada a fazer", mas há! Deixa de ser burro e não lhe dês a arma! Quando dás uma arma a um homem é meio caminho andando para o suícidio, porque já sabes que ele vai puxar o gatilho! Mas, se tu tinhas a arma na mão para dar a alguém, quer dizer que a tinhas na tua mão, logo, puxaste o gatilho!

Conta-me lá como foi, quero saber! Não, claro que não quero puxar nenhum gatilho, quer dizer às vezes tenho vontade, mas é uma vontade pequenina, que quase nem se vê, às vezes tenho e nem dou por ela, para tu veres o quão pequena ela é!Adiante, conta-me como foi puxar o gatilho, foi bom, foi mau, deu-te vontade de ir à casa de banho? E disparaste contra quem? Um desses cabrões que andam aí a foder toda a gente por trás? O quê? Era uma arma de plástico? Mas 'tás a brincar com a minha cara ou o quê? Eu estou a falar de armas a sério! Armas que poderiam resolver os nossos problemas, se não fossem elas a criarem esses problemas!

Sim, armas de fogo! Bem, elas não são mesmo de fogo, são de metal e outras coisas, mas chamam-se armas de fogo! Porquê? Sei lá, tu é que estavas com uma arma na mão! E aposto que puxaste o gatilho!
Não? Então não és homem, não és humano! Ah bom, és mas tens vergonha de o ser, tal como eu... Queres ajuda? Eu ajudo,

um gatilho não se puxa, prime-se...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Merdaebolasdesabão

Ontem fui atacado por uma arma de bolas de sabão.
Mas não eram bolas de sabão quaisquer! Aquelas tinham cheiro!
Queres saber a que cheiravam? Cheiravam a relva cortada de fresco, mas relva que era mesmo cortada, não aquela que vem uma lata de aerosol que nos come o mundo em que vivemos! E haviam umas bolas azuis, muito grandes, que cheiravam ao mar daquela praia em que estivemos, sim, aquela em que demos o primeiro beijo, lembras-te? E havia umas assim muito, muito, muito mas mesmo muito pequeninas, cor de rosa, que cheiravam às margaridas daqueles grandes campos em que nos deitavamos a torrar ao sol, e a fazer os nosso planos até ao dia em que os nossos corações deixassem de bater, ao mesmo tempo, como naquele filme que vimos.
E eu sei que parece estúpido estar a fazer estas acusções, como se me importasse de ser bombardeado de cheiros que me recordam as tuas recordações mais doces(pelo menos por fora), mas é verdade! Isto atacou-me mesmo!
Atacou-me porque me fez lembrar, que, não sei porquê, perdi-te de uma maneira estupidamente racional, controlada e perfeita, e agora, agora estou preso, neste balde de merda e rodeado de bolas de sabão com cheiros que me iludem, contrastando com a merda que vejo!
E queres saber o que fiz depois de ser atacado?
Suicidei-me... com uma bisnaga.

O soneto dos rejeitados

Eu sou o filho de uma bebedeira e um preservativo roto,
Ela é a filha de um divórcio e de um morto
Temos os dois relações puras,duras,carnais
E no fim vou-me embora, e não temos que mentir mais

Eu sou o neto da ira e da pobreza
Ela é a neta da raiva e da tristeza
E nós gostamos um do outro, temos coisas em comum
Mas não somos obrigados a dizer que somos um

E não consigo ficar com o coração despedaçado
Não, não consigo sentir essa dor
Sabem porquê? PORQUE DEIXEI DE ACREDITAR NO AMOR