quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Mary Tinha Um Cordeirinho.

Quando formos feras vamo-nos esquecer de nós.
Daquilo que passamos juntos, e que queríamos passar.
Um dia, se o houver, quando formos avós
Vamos ter uma história diferente para contar

Uma que não é a nossa, porque nós deixamo-la de parte
Porque eu era um idiota, e tu não.
Tu estás sempre certa. A tua é sempre a melhor parte,
Pura como a tua alvura depois da escuridão

E eu um dia vou-me esquecer,
Os processos e as condições sociais vão toldar-me como eles querem
Tornando-me num bicho em mais um rebanho
Ou manada
Ou cardume
Ou bando
Ou tudo
Menos multidão

E aí vais-me ver
E eu vou poder apontar-te o dedo e dizer que a culpa é tua
E com razão.
Mas aí já nada vai interessar.
Porque eu me esqueci
E não quis mais saber de lembrar

Eu já não queria mais saber
Porque tu querias saber

E quando o meu corpo estiver gasto
E eu morrer sozinho
Num caixão de prata que todos que estão lá me deram

Tu vais querer saber.
Mas eu não. Porque já não sei ( e sou)