sábado, 29 de dezembro de 2012

décima nona letra do abecedário, primeira do meu.

Uso as palavras dos outros porque acho que as minhas não chegam para ti. Mas como estar à tua beira já é uma acrobacia digna dos circos mais finos, não faz mal tentar. Estas palavras, como tudo o que te dou, estão recheadas de boas intenções, sem te querer magoar, porque se te magoar, também me vou magoar a mim. Eu não me importo, mas já me disseste que não gostas disso, por isso não é por mim, é por ti (mas acaba por ser por mim). O teu cheiro segue-me até casa, apesar do fumo e do hálito a vinho, também não o quero tirar por isso não me incomodo, e aproveito-me dele, fechando os olhos e fazendo imagens na minha cabeça do teu corpo e da tua cara, para ver se fico com menos medo de estar sozinho. Magoar-te a ti, é cortar os meus pulsos e a seguir ver a tua cara triste por isso, que é pior. quando descemos a rua de Santa Catarina, eu e tu (independentemente de quem esteja à nossa volta) e estou com frio encosto-me sempre a ti, porque não há assador de castanhas que emane mais calor do que aquele que me dás. Apesar de tudo, não te ponho pus irei pôr num pedestal pelo simples facto de te querer à minha beira e em mais sítio nenhum. Eu sei que este texto não tem estrutura, é um detalhe para uma analogia a outra coisa que não tem estrutura, mas é essa coisa que quero, mais que tudo. Mais do que a ti - a única coisa que quero mais do que a ti- somos nós. E se correr como quero, duas centenas não vão chegar, quanto mais dois livros.

Sem comentários:

Enviar um comentário